sábado, 8 de dezembro de 2012

apenas designadas por uma inicial de kafkiana universalidade, destinando o narrador para si a letra H, já que todo o nome acabado é um vazio. Pintor medíocre, dolorosamente consciente das suas limitações, H. recorre às páginas de um diário como meio de compreender as suas debilidades estéticas e de se compreender a si mesmo, quando aceita a encomenda de retratar S., administrador de uma companhia majestática, que deseja incluir-lhe a efígie na galeria dos seus deuses tutelares. Enleado numa banal rede de banais relações humanas e de casuais e previsíveis aventuras, H. sente a necessidade de pintar um segundo retrato

12 linhas da 25.ª página de «Os rumos da ficção de José Saramago», de Luís de Sousa Rebelo, prefácio à 2.ª edição de Manual de Pintura e Caligrafia.

2 comentários:

Paulo Cunha Porto disse...

Goste-se ou não, tornou-se impossível negar que é uma personagem com H grande...

Abraço

Ricardo António Alves disse...

Creio que te referes ao Saramago e não ao teu falecido vizinho L. Sousa Rebelo.

Do S. li coisas boas («Memorial do Convento») e más («Ensaio sobre a Lucidez»). Creio que voltarei a ler coisas que há já mutos anos me pareceram boas («Levantado do Chão») e só por obrigação farei o mesmo com outras que já então me pareceram medíocres («Jangada de Pedra»).

Do que nele gosto, como escritor, é o extremo cuidado com que escreve, o que é visível neste interessante -- embora não de todo conseguido «Manual». Mas também o que se espera dum verdadeiro escritor? Que cuide da forma, não é?

Dos últimos, gostei muito d' «A Viagem do Elefante», que tomei como um "divertimento" do próprio Saramago. Um divertidíssimo divertimento.

Novo abraço.