sábado, 9 de junho de 2012

DROMEDÁRIO

Sob o crescente de lua,
A alma estagna. O céu consente
(Sem o sonhar ou saber)
Que em minha alma possa haver
Um tão possível oriente.

É-me o sonho o que é negado.
É-me verdade o que crio.
Minha alma é seco areal
E no fundo olhar sorrio
Rumos de febre e coral...

E tu, ó dama da noite
Milenária, que halo te cerca
De enigma a vigília pura?
Dons de unânime ventura:
Morre o sonho quem te perca...

Verdade ou sonho? Que importa
Ao morto olhar o rumo incerto.
Eu sigo o sonho (e cismando!)
Do dromedário pisando
Silêncios do meu deserto...


Luís de Montalvor

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