segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

no sé tu nombre / sólo sé la mirada / con que lo dices
Mario Benedetti
Alone Together

domingo, 30 de dezembro de 2012

Pressas. Irrita-me esta mania que a imprensa tem de fazer balanços do ano antes de tempo. Ontem morreu o Paulo Rocha, de quem só vi, creio, o esplêndido «A Ilha dos Amores». Logo, quem daqui a uns anos folhear a «Revista» do Expresso não encontra a referência devida. Minhoquices? Claro que não. Quem for ver os balanços de 1989, não encontrará menção à revolução romena e à queda e execução de Ceausescu... É concorrência ou é só estupidez, porra?!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


Livros. Agora pelo Natal, à cata de presentes para oferecer, escaparates iluminados pelos livros da Nigella. Apeteceu-me trazê-los todos.

Reptilia

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Ditados -- Passado o Natal, e entrando de novo no visco, o "Caso Artur Baptista da Silva", alegado burlão, só me trouxe à memória o adágio "Deus escreve direito por linhas tortas." Ponto final. 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

domingo, 23 de dezembro de 2012

White Christmas
[um poema inédito do meu amigo Fernando Jorge Fabião]

A LEITORA

I

O que sobra do que lês
e no interior da pele
anuncia o pavio cego da escrita?
o que permanece e gratamente invocas
no alvoroço do amor?

Como iluminar a face nua
das coisas
para usofruto exclusivo da atenção?
Feliz Natal!
Chris Harper

sábado, 22 de dezembro de 2012

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

É Natal, é Natal - O negócio para a TAP era óptimo, diz o Governo, mas suspendeu-o porque a isso foi obrigado. Obrigado. Neste emmeio, o PCP propõe a criação no Parlamento dum grupo de trabalho para acompanhamento do processo do (des)Acordo Ortográfico. Obrigado. Com tantos mimos, só pode ser Natal. 
asquerosa, à que se erguia, rebrilhando, em altos adejos, como se pretendesse romper a eterna submissão.
     Ao enxergar a abelha, quisera salvá-la, capturando-a para a devolver à vida e à liberdade, no Funchal. O estojo do perfume surgira como um recurso. Abrira-o, tirara-lhe o frasco e, devagarinho, colocara a sua parte inferior sobre ela, esperando que, ao sentir-se presa, se agarrase ao cartão. Não acontecera, porém, assim. Logo que ele retirara a caixa, a abelha voejara, sem rumo, pousa aqui, pousa ali, até se quedar numa das vigas do tecto. Beliche acima, distendendo os braços, perseguiu-a. Os esforços perdiam-se inutilmente. Ela fugia-lhe sempre, como se recusasse a vida que ele lhe oferecia e, contudo, fugia-lhe para viver. Ele encontrava-se já cansado e sem

Ferreira de Castro, Eternidade (1933), 14.ª edição, Lisboa, Guimarães Editores, 1989, p. 25, ls. 1-12.
Time To Pretend

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012



A má pessoa do ano, a propósito da Pessoa do Ano da Time  - Para eles, norte-americanos, e para nós. Quem mais houvera de ser?...
Claro que se a escolha incidisse sobre a má pessoa do ano, teria de ser o senhor doutor Bashar al-Assad que, de bom, só tem a mulher --, por mais tremeliques que nos provoquem os avanços das Al-Qaedas (da mesma forma que a travagem dos imigrantes oriundos da África Subsaariana se processou graças à vigilância do cão de guarda de que a Europa se serviu, o grotesco Kadafi).
Eu sei que os inimigos dos nossos inimigos nossos amigos s(er)ão -- referindo-me por inimigos à corja fundamentalista, não aos imigrantes, é claro --; mas, por deus, triste conforto, amaraga tranquilidade garantidos à custa do sofrimento alheio. 
Tapianca?
a capa da última Prog

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

era capaz de cumprir tudo quanto dizia, ao domingo, depois da missa, à porta do Valveses!
     Apesar do seu estado de espírito animoso, Manuel da Bouça ensombreceu de novo ao meter pelo carreiro aberto na relva, que ligava o aglomerado da aldeia à sua casa, solitária entre os campos. As preocupações e a força de vontade que vinha despendendo davam-lhe uma expressão fatigada e melancólica.
     Amélia, ao vê-loi atravessar a cancela, coxeando, perguntou, alvoroçada:
     -- Que tens? Que te aconteceu?
     -- Nada. Foi um espinho. Não é coisa de monta.

Ferreira de Castro, Emigrantes (1928), 24.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1988, p. 25, ls.1-12.
TAP. Não gosto de ser hiperbólico. Logo, com comedimento, direi que a privatização da TAP é um crime de lesa-pátria, e quem o viabilizar será cúmplice. Isto porque não gosto de ser hiperbólico; porque se o fosse falaria não em crime, mas em traição.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

missão britânica na Jugoslávia, major Deakin, estava no Cairo, fomos seus convidados num jantar íntimo.
     Do Cairo seguimos para a base inglesa de Habbaniya, perto de Bagdad. O comando britânico recusou-se a levar-nos até Bagdad, invocando a falta de segurança, mas nós tomámos esta atitude pelo desejo de ocultar um terrorismo colonial que julgávamos não ser menos drástico do que a ocupação alemã no nosso território. Em troca os ingleses convidaram-nos para uma festa desportiva efectuada pelos seus soldados. Fomos e verificámos que os nossos lugares eram vizinhos do do comandante. Tínhamos um aspecto estranho, mesmo aos nossos próprios olhos, cheios de

Milovan Djilas, Conversações com Estaline, trad. H. Silva Horta, Lisboa, Editora Ulisseia, 1962, p. 25, ls. 1-12.
Ain't Got No / I've Got life

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

mente» -- pensou. O zumbido voltara a sair do seu cortiço e a golpear a atmosfera rarefeita. Por muito que evocasse o carácter e os interesses deste e daquele adversário, Soriano não conseguia identificar quem dera a notícia, a tantos políticos atribuía espírito de intriga suficiente para o fazer. «Era uma corja, uma canalha!» Subitamente, sobressaltou-se: «Aquilo era uma canalhada que lhe faziam, para o entregar a Ballesteros, sem condições. Com aquilo pretendiam tirar-lhe a oportunidade de ele se fazer valer. Ballesteros estava, sem dúvida, por detrás dessa manobra. Mas enganava-se muito se pensava que ele se deixaria levar

Ferreira de Castro, A Curva da Estrada [1950], 11,ª edição, Lisboa, Guimarães & C.ª, 1982, p. 25, ls. 1-12.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012


curiosidades - Oito críticos do Expresso fizeram uma lista de 300 discos que toda a gente deve ouvir. Desses, tenho 14!... As listas valem o que valem, ou seja quase nada, mas dão gozo de ler e também de fazer.  
Na primeira, dos 100 escolhidos, aquelas gravações com aqueles intérpretes, fico-me por um (1) disco! Mas não é um disco qualquer, nããão!...: é o Llibre Vermell de Montserrat, pelo Hespèrion XX de Jordi Savall... Um disco que vale por cem...
Quanto ao jazz, subo para o impressionante número de quatro (4): um Cannonball Adderley, uma Ella Fitzgerald & Louis Armstrong, um Keith Jarrett, um Thelonious Monk...
A "popular", enfim, em que cabe tudo -- nem assim, hélas, chego à dezena... Beach Boys, Beatles, Captain Beefheart, Carlos Paredes, Leonard Cohen, Pink Floyd, Van Morrison e Velvet Underground.
Alguns não estariam na minha lista. As muitas músicas (e a música) que me interessam, estarão aqui, num blogue que tem dias.
A quem possa interessar.

absurdo - Tenho grande respeito e enorme admiração por dissidentes chineses como Ai Weiwei. Parece-me contudo -- se o que li está correcto -- muito censurável a sua crítica à atribuição do Nobel a Mo Yan (que não li) por nunca se ter dissociado do regime chinês... E depois? Alguém pode ser obrigado a ter uma atitude política?, alguém pode ser obrigado ao sacrifício? e que tem isso a ver com o valor literário da obra do autor distinguido? Se me disserem que os seus livros apelam à intolerância, à exclusão e à violência sobre terceiros, ao racismo, à xenofobia, seria o primeiro a subscrever a posição do grande artista chinês, pois o mal nunca pode (nunca deve) ser premiado. Não sendo assim, a atitude de Ai parece-me ser de uma intolerância pouco compatível com a liberdade.
Shine It All Around

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

     -- Ai de nós! -- choravam os habitantes -- não vamos dar mais passeios pelo mar nas noites de lua cheia, não vamos visitar mais as outras ilhas, não vamos fazer mais negócios.
     Mas os comerciantes sossegaram-nos.
     -- Durante estes anos -- disseram eles -- graças à nossa grande barca, andámos navegando de ilha em ilha, de porto em porto, a comprar e a vender e fizemos negócios tão bons que juntámos muito dinheiro. Por isso, como aqui não há outra árvore enorme, e as árvores que agora temos fazem muita falta se forem cor-

Sophia de Mello Breyner Andresen, A Árvore, 7.ª edição, Porto, Figueirinhas, 1995, p. 25, ls.1-12.
And You And I

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Auto-Retrato
Galleria degli Uffizi, Florença
     À margem do rio Volga existe uma cidade antigamente chamada Tsaritsin. Sua história é bela como uma legenda antiga, é heróica como o som de uma clarinada. Foi ali que Stálin barrou o caminho das tropas invasoras em 1918. Os comunistas, ao contrário dos capitalistas, acreditam no homem, acreditam nos trabalhadores, acreditam no povo e contam com êle nos seus cálculos políticos e militares. Os trabalhadores souberam defender a frágil criança que era a Revolução, souberam garantir o crecimento do arbusto que era então o Estado soviético. Tsaritsin deixou de se chamar assim, ganhou um nome simbólico de vitória: Staligrado. As

Jorge Amado, O Mundo da Paz, 4.ª edição, Rio de Janeiro, Editorial Vitória, 1953, p. 25, ls. 1-12.
votos - Espero que o Prémio Nobel da Paz, muito justamente atribuído à União Europeia, não venha demasiado tarde. Como já escrevi, o Comité Nobel quis distinguir uma ideia e um projecto único, e alertar para a importância do que politicamente foi conseguido no último meio século. Em face da crise actual, só há duas possibilidades: ficar tudo como está, o que terá como resultado, em agonia mais ou menos lenta, o fim da UE; ou uma nova etapa, confederal, para o que será preciso uma prévia e significativa reforma institucional, que reponha uma paridade (mais teórica que real, mas formalmente existente) já definitivamente, na prática, perdida.
Não confundo a Comissão Europeia em funções com a União (seria o mesmo que confundir um governo em funções com o país que o governa); mas espero bem -- e a bem da UE -- que não se lembrem de que um dos recipiendiários (!) do Nobel foi anfitrião na vergonhosa cimeira que precedeu a guerra criminosa no Iraque e cujos principais protagonistas foram 2 miseráveis & 1 pateta, cujos nomes, em especial os dos miseráveis, nem sequer escrevo por repugnância.

domingo, 9 de dezembro de 2012

     -- Francisco! Velhaco, estúpido, biltre, macaco sem rabo, anda cá! Ao menos uma vez na vida, serve-me para alguma coisa!
     Francisco aproximou-se, importante e solene.
     -- Falas o francês mas deves falar muito bem o árabe, e vais servir de intermediário entre mim e estas senhoras. Elevo-te à dignidade de intérprete; antes de mais nada, pergunta às duas belas estrangeiras quem são, donde vêm e o que querem.
     Sem reproduzir os esgares de Francisco conduzirei a conversação como se ela tivesse sido em francês.
     -- Senhor -- disse a turca, pela boca do negro --,

Théophile Gautier, O Cachimbo de Ópio [seguido de «A milésima segunda noite], trad. Maria Luísa Rodrigues, Lisboa, Rolim, s.d., p. 25, ls. 1-12.
Da pequenez -- Roço-me preguiçosamente pela blogosfera (e até pelo tantas vezes inane facebook) e vejo, em muitos que opinam sobre a coisa pública, a pequenez, o ressentimento, o verbo fácil (ou por vezes custoso) que fala do que julga saber, palavrório solto dos pequenos e grandes ressentimentos. Gente azeda e sem a grandeza ou a honestidade intelectual da tentativa da imparcialidade. É destino, sina minha, falta de jeito tropeçar constantemente nestes lamentáveis destroços de humanidade. Que a terra lhes seja leve.
   Julia

Lefranc -- Le Repaire du Loup (1970)

sábado, 8 de dezembro de 2012

apenas designadas por uma inicial de kafkiana universalidade, destinando o narrador para si a letra H, já que todo o nome acabado é um vazio. Pintor medíocre, dolorosamente consciente das suas limitações, H. recorre às páginas de um diário como meio de compreender as suas debilidades estéticas e de se compreender a si mesmo, quando aceita a encomenda de retratar S., administrador de uma companhia majestática, que deseja incluir-lhe a efígie na galeria dos seus deuses tutelares. Enleado numa banal rede de banais relações humanas e de casuais e previsíveis aventuras, H. sente a necessidade de pintar um segundo retrato

12 linhas da 25.ª página de «Os rumos da ficção de José Saramago», de Luís de Sousa Rebelo, prefácio à 2.ª edição de Manual de Pintura e Caligrafia.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sem palavras - Joaquim Benite, Oscar Niemeyer, Dave Brubeck, Papiniano Carlos...
Palavra (?) - Se o Relvas diz que não houve pressão directa ou indirecta no saneamento de Nuno Santos, eu acredito, é claro.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

José Saramago - «Que quero eu? Primeiramente, não ser derrotado. Depois, se possível, vencer.» Manual de Pintura e Caligrafia

Caligrafado por H., protagonista-narrador, alter ego do autor. Romance de 1977, poderia dizer-se de estreia, não fora a falsa partida de Terra do Pecado (1947), trinta anos antes... e o recém-editado Clarabóia (a ausência do acento agudo, tentarei percebê-la quando, e se, o ler).
Para já importa-me assinalar que de cerca de meia dúzia de títulos, entre poesia, conto e crónica, se fazia a obra de Saramago. Em 77, ao 55 anos, este não era ainda, sendo-o, o Saramago. Faltavam três anos para que a sua perseverança desse os frutos pretendidos pela personagem H.:  com Levantado do Chão (1980) o futuro autor do Memorial do Convento não só deixara de correr o risco de ser um derrotado, como pisara o primeiro degrau para o triunfo. E este Manual, como os que lhe antecederam, foi um alicerce.
Retrato de Kisling (1915)
col. particular, Milão


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

números da crise - a venda de comerciais ligeiros recuou para números de finais da década de 1970 (lido aqui). Para mim não foram anos maus, mas remediados. Sempre doce e medíocremente apaziguado.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Os embaixadores israelitas em Londres e Paris foram chamados aos respectivos ministérios dos Estrangeiros. Em causa a má-fé de Netanyahu e do seu governo, ao anunciarem a construção de mais três mil colonatos nos territórios ocupados, depois da derrota diplomática estrondosa que foi o reconhecimento da Palestina como estado pela Assembleia-Geral da ONU. Como não acredito que esta acção não tenha sido concertada, inclusive com o conhecimento (quem sabe se com o incentivo...) da Administração Obama,  eu creio que está na hora de os amigos de Israel o defenderem de si próprio, enquanto é tempo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Mansuetude - Das razões que motivam a luta dos estivadores: se é por não quererem a desregulação das relações de trabalho promovida por este governo de selvagens dos mercados & patifórios excretados pelos aparelhos partidários, eu acho bem; se for por dignidade profissional, pelo amor-próprio que não se deixa levar como gado para o matadouro, acho ainda melhor. Entretanto, um bom texto de Raquel Varela.
Auto-Retrato (1667)
Uffizi, Florença

The Trolley Song
Retrato do Cardeal Leopoldo de Medici
Uffizi, Florença

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Enfado - Conversa de manhã com extraordinário investigador. Deixou de ler jornais portugueses, compra o El Pais. Quem o pode censurar?
Seguro de vida - Se não estivéssemos na União Europeia, a tropa já teria saído dos quartéis.
De memória - A diferença entre entre os contos de Sophia de Mello Breyner para crianças e para adultos estará na perversidade que, et pour cause, os primeiros não têm. 
Os 75 anos do Zé Carioca, por Ruy Castro

terça-feira, 27 de novembro de 2012

domingo, 25 de novembro de 2012

«Operação Outono» -- filmes do Festival #10

Bruno de Almeida, «Operação Outono» (Portugal, 2012). «Selecção oficial -- Fora de competição».

Não sou um grande entusiasta deste tipo de reconstituições à la Oliver Stone, prefiro bons documentários. No entanto -- e apesar da desastrada dobragem de John Ventimiglia (Humberto Delgado), que em muito prejudica o filme --, não se dá por mal empregue tempo e dinheiro. 
O argumento baseia-se na biografia de Frederico Delgado Rosa, neto do general, que trouxe novos elementos para a cilada que foi montada. A grande personagem do filme, porém, não é Delgado, mas a PIDE, cuja caracterização me parece impecável (e para qual certamente muito contribuiu a assessoria da historiadora Irene Flunser Pimentel). O fosso classista é notório: dum lado a elite, os oficiais, gente que não sujava as mãos: Silva Pais, Barbieri Cardoso, entre outros, educados, bem vestidos, eventualmente bem cheirosos; do outro, o rebotalho social, de Rosa Casaco (muito bom papel de Carlos Santos) ao gebo Casimiro Monteiro (Pedro Efe). Pelo meio, talvez os mais repugnantes, os infiltrados, os traidores (Diogo Dória como Mário de Carvalho em grande estilo). 


Mighty Rearranger (2005)

sábado, 24 de novembro de 2012

Manuel da Fonseca -- Para mais, Zé Limão era um maltês e sabe-se lá que noite escura é o passado dessa gente!... -- «Névoa», Aldeia Nova

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Filmes do Festival #9 - «Amour», de Michael Haneke (França/Alemanha, 2012) -- «Selecção oficiial - Fora de competição». O amor à beira da morte; a morte que acaba com o amor, ou não. Trintignant e Riva, sublimes. Rita Blanco, em curto papel de porteira e criada, muito bem -- aliás, demasiado bem: uma cena em que aparece a aspirar, sem dizer uma palavra, só com muito boa vontade se encontra justificação para a economia do filme. De qualquer modo, o melhor que vi nesta sexta edição, que nem me correu lá muito bem.


...ao magnífico artigo de João Bernardo (2.ª, e 3.ª partes) no Passa Palavra:

Muito obrigado pelo seu artigo! Pela minha parte, vou divulgá-lo. E sim, por chocante que possa parecer, há uma franja de uma esquerda racista e anti-semita, em particular (e deixo de lado o nacionalismo). Cheguei, inclusivamente, a deslinkar (!) um blogue muito revolucionário, anti-imperialista e (na altura) nostálgico do sovietismo, enojado pela baixa linguagem anti-judaica, e que não se limitava à crítica das políticas do estado israelita. Não, aquilo cheirava a santo-ofício.
Mas também não sei porque diabo me choquei, quando o anti-semitismo, mais ou menos, assumido, foi algo que caracterizou o reinado do Zé Estaline.
«Carpet Crawl»
João de Barros - não há poeta, que o seja de nascença e de índole, que não proteste -- clara ou veladamente -- contra o presente, contra o imediato existente, quer se debruce sobre o passado, quer se volte para o futuro. Eugénio de Castro

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O que esteve para ser um artigo de revista, transformou-se num estudo de etnologia comparativa de mais largo fôlego, inusitado entre nós, creio, sobre o aparato piloso (ou a sua falta) que os homens (e algumas mulheres) ostentaram ao longo dos séculos. E tudo com o aparato crítico a que obriga tudo que se esvaia da pena dum erudito académico (no bom sentido).
José Leite de Vasconcelos tinha essa gravitas de sábio e também a obra. O homem que publicara o volume I das Religiões da Lusitânia em 1897 traria à colação nesta obra de 1923 uma referência cinematográfica, a propósito do bigodinho de Charlot...
A minha edição não é esta, mas a que foi reunida na colecção «Portugal de Perto» por João Leal, incluindo dois outros estudos: «Signum Salomonis» e «A Figa» (Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1996).
O desenho da capa desta primeira edição é de Teixeira Lopes.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

segunda-feira, 9 de julho de 2012

quarta-feira, 4 de julho de 2012

sexta-feira, 29 de junho de 2012

A Alma da Rosa
Inner Smile
Kafka - Ninguém ouviu a porta fechar-se; fora, sem dúvida, deixada aberta, como é costume em casas onde acaba de ocorrer um grande infortúnio.- Metamorfose
As vírgulas, como as adoro!
Cigana com bebé
Spirit Of Radio
Auto-Retrato com Grupo
O Voo nas Trevas (1927)
capa: Bernardo Marques
Foto: Paul Simon, «Graceland» (1986).
Graceland (1986)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

segunda-feira, 25 de junho de 2012

domingo, 24 de junho de 2012

Pequena Máquina Construída por Minimax Dadamax em Pessoa para Polinização Destemida de Chupadoras Femininas no Início da Menopausa e Tarefas Similarmente Destemidas
GUINCHO


O sol põe-se
sobre o lento bater das ondas,
e despede-se
do meu corpo de areia.
ARRAIAL

A AQUILINO RIBEIRO


Noite de S. João. Oiço os descantes
dum baile popular. Ao alto, a lua,
lindo balão, sobe no céu, flutua
sobre a cidade. Enlaçam-se os amantes

na volúpia da noite. Estralejantes,
cada foguete é uma espada nua,
risca no ar gestos de luz. A rua
é um bazar de anseios perturbantes.

Jovem, de branco, um marinheiro leva
pelo seu braço uma gentil pequena,
também de branco. E somem-se na treva...

Há bailes de bebés pelos terraços.
E eu volto a casa só, cheio de pena,
trazendo um sonho morto nos meus braços.


Américo Durão
Fiat 850 Coupé
Balzac por David
It's Different For Girls

sábado, 23 de junho de 2012


Balzac - O amor é como o mar, que visto superficialmente ou à pressa pode ser acusado de monotonia pelos espíritos vulgares, ao passo que certos seres privilegiados podem passar toda a vida a admirá-lo, encontrando-lhe sempre uma diversidade que os encanta.- A Vendetta
Jazz Boat
E A MORTE À ESPERA

A vida a correr...
...E a morte à espera
Que a corrida acabe...

A vida a sorrir...
...E a morte à espera
Que o riso se apague...

A vida a cantar...
...E a morte à espera
Que o canto emudeça...

A vida a sonhar...
...E a morte à espera
Que o sonho feneça...

A vida a chorar...
...E a morte a rir...
Porque a vai levar...


Lourdes Borges de Castro
Lady Fantasy

domingo, 17 de junho de 2012