sexta-feira, 1 de junho de 2012

CAFÉ DE PENUMBRA

Escasso como a praceta defronte,
como a ilha, como o céu estrangulado
pelo aperto dispneico das vielas.

Café de penumbra e pouca gente
antiga e parecida ao tédio da manhã.
Três funcionários públicos (guarda-
-fiscal um) e dois empregados
comerciais debitando sentenças
em surdina. Um pracista
à míngua de clientes e o lazer
de um poeta de passagem.

Na mesa dos fundos, sob o claro
quadrilátero da janela -- e para nossa
edificação -- um arabista paulatino
traduz do francês um texto urdu.


Rui Knopfli

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